segunda-feira, 29 de abril de 2013

linhas, pontos


Introdução

 

       Sempre que projectamos, traçamos ou esboçamos algo, o conteúdo visual desta comunicação é composta por uma série de Elementos Visuais. Esses elementos constituem a substância básica daquilo que vemos. São muitos os pontos de vista a partir dos quais podemos analisar qualquer manifestação visual, mas um dos mais reveladores é decompô-la nos elementos que a constituem de forma que melhor possamos compreender o todo.

 

      A linguagem visual constitui a base da criação do design. Há princípios, fundamentos ou conceitos, com relação à organização visual, que podem resolver situações problemáticas na realização de um projecto. O designer pode trabalhar sem esse conhecimento consciente, usando seu gosto pessoal e sensibilidade estética que são muito importantes, porém, uma compreensão dos fundamentos ampliará sua capacidade de organização, facilitando enormemente seu processo de criação.

 

      Se quiséssemos reflectir sobre o número de vocábulos suficientes para se formar uma Linguagem Visual poderia ter como resposta que os principais são basicamente: o ponto; a linha; o plano; a recta; o volume e a cor. Com tão poucos elementos básicos, e que nem sempre se apresentam em conjunto, forma-se toda a expressão visual na arte e no design na sua mais imensa variedade de técnicas e estilos.

 

     Com base nisso este trabalho foi feito com o intuito de aprofundar mais o nosso conhecimento sobre: pontos, linhas e rectas que são alguns dos elementos básicos para a formação de uma linguagem visual.

 

 

 

 

 

 

O ponto

 

     Para que possamos observar o simbolismo de uma estrutura gráfica é necessário começar pelo elemento mais simples que compõe a matéria, o PONTO.

 

     O ponto é a unidade de comunicação visual mais simples e irredutivelmente mínima. Quando fazemos uma marca, seja com tinta, com uma substância rígida como um bastão, pensamos nesse elemento visual como um ponto de referência ou um indicador de espaço.

 

     Qualquer ponto possui um grande poder de atracção visual sobre o olho, exista ele naturalmente ou tenha sido colocado pelo homem em resposta a um objectivo qualquer.

Como Elemento Conceitual, um ponto indica posição. Não tem comprimento nem largura.

 

     Pode representar o início e o fim de uma linha e está onde duas linhas se cruzam. Ele é um “ser vivo”. A unidade mínima da presença. Estamos muito acostumados a usá-lo na escrita, como agora, mas ele tem outras posições, além desta.

 

     O ponto é a representação da partícula geométrica mínima da matéria e do ponto de vista simbólico, é considerado como elemento de origem. Como Elemento Visual, o ponto possui formato, cor, tamanho e textura. Suas características principais são: Tamanho - devendo ser comparativamente pequeno, e o Formato - devendo ser razoavelmente simples.

 

      Sua aplicação em uma representação visual pode também ser classificada em: adensamento (a concentração de pontos para representar um determinado efeito) e Rarefacção (o espaçamento entre eles, causando efeito contrário). Como Elemento relacional, a sua representação enquanto Unidade de Forma constituirá uma Textura.

 

     Quando um conjunto de pontos é organizado de forma sequencial, esses pontos se ligam, sendo, portanto, capazes de dirigir o olhar. Em grande número e justapostos, os pontos criam a ilusão de tom. A capacidade única que uma série de pontos tem de conduzir o olhar é intensificada pela maior proximidade dos pontos.

 

      Um ponto pode ser posto para andar por uma força, e aí teremos a LINHA RECTA. Ou se este mesmo ponto se movimenta por duas forças teremos a LINHA CURVA.

 

A linha recta

 

     Quando em uma sequência de pontos, eles estão muito próximos entre si de maneira que se torna impossível identifica-los como Unidade de Forma, isto é, individualmente, aumenta a sensação de direcção, e a cadeia de pontos se transforma em outro elemento visual distintivo, a linha.

 

     Como elemento conceitual, poderíamos definir a linha como um ponto em movimento, ou como a memória do deslocamento de um ponto, isto é, sua trajectória. Como elemento visual, não só tem comprimento como largura. Sua cor e textura são determinadas pelos elementos que são utilizados para representá-la e pela maneira como é criada.

 

      Por ser o desdobramento do elemento original (ponto), e por isso um subproduto dele, a linha pode ser entendida como elemento secundário da Linguagem Visual. Possui posição e direcção. É limitada por pontos. Forma a borda de um plano.

 

      Nas artes visuais, a linha tem, por sua própria natureza, uma enorme energia. Nunca é estática. É o elemento visual inquieto e inquiridor do esboço. Onde quer que seja utilizada, é o instrumento fundamental da pré-visualização, o meio de apresentar, de forma palpável, aquilo que ainda não existe, a não ser na imaginação. Dessa maneira contribui enormemente para o processo visual.

 

      Simbolicamente, “a linha recta está próxima ao território do intelecto. Ela manifesta a vontade e a força de configuração. A determinação e a ordem. Expressa o regular, o que a mente apreende.

      O mundo dos regulamentos, da disciplina, das leis, da vontade e da razão. É por isso que no limite de sua utilização, a linha recta manifesta a frieza de sentimento, a falta de fantasia e o enrijecimento”.

 

      As linhas rectas têm três movimentos essenciais: HORIZONTAL, VERTICAL E DIAGONAL. Todas as outras são variações deste movimento.

 

      A manifestação mais simples, que menos energia necessita para ocorrer é a LINHA HORIZONTAL. É nela que o homem relaxa, descansa e morre.

 

      Completamente oposta a essa linha, temos A LINHA VERTICAL. O que era anteriormente plano, tornou-se altura. A energia que vai da profundeza ao infinito, ou vice-versa.

 

      A LINHA DIAGONAL é secundária em relação à horizontal e à vertical, pois é a síntese e união das duas. Segundo Kandinsky, “a linha diagonal é a forma mais concisa da infinidade de possibilidades dos movimentos. Por isso tem uma tensão interior maior do que as duas que lhe dão origem.”

 

      Já no caso de Mondrian, ele refere-se aos “aspectos trágicos horizontalmente, estendendo-se o horizontal como plenitude até o infinito e o vertical como sendo o opressivo, o esmagador, e ele definitivamente estava procurando estruturas transversais que libertariam as pessoas dessas forças opressivas herdadas.”

 

A linha curva

 

      Quando duas forças exercem pressão simultânea sobre um ponto, sendo uma delas contínua e predominante, surge a LINHA CURVA.

 

      As linhas curvas dominam o território dos sentimentos, da suavidade, da flexibilidade e do feminino.

 

      Os redondos, os curvilíneos, os ondulantes, encontram-se em oposição ao carácter racionalizante da linha recta e angulosa, que focaliza a vontade e o controle. Quanto maior é essa pressão lateral e contínua exercida sobre a linha, esta se desvia cada vez mais até fechar-se em si mesma, formando um círculo.

 

    Essa pressão lateral contínua faz com que ela não quebre, se transformando em ARCO.

 

     Não há ângulo, surgindo assim, uma forma suave e madura, que possui em si uma auto consciência por voltar para si mesma. Para a linha recta, impulsiva, não há começo nem fim, é um caminho eterno, em uma única direcção e sem retorno. Para a linha curva, flexível, há a possibilidade de encontrar-se com o seu começo, gerando um círculo, que é a representação do todo.

Recta

    Em matemática, uma recta: é um objecto geométrico infinito a uma dimensão. Pode ser definida de várias formas equivalentes.

    Em Geometria Descritiva uma recta é o resultado da deslocação de um ponto segundo uma determinada lei.

    Uma curiosidade é que, no texto original de Os Elementos, de Euclides, fala-se de segmentos de recta e não de rectas.

Rectas no plano

    Uma recta no plano pode ser caracterizada das seguintes formas:

   Ø   Dando dois pontos da recta;

   Ø   Dando um ponto da recta e o seu declive;

   Ø   Dando um ponto da recta e um vector normal a essa recta;

   Ø   Dando um ponto e um vector da recta.

     Exemplo: figura1, pág.9.

Rectas no espaço

    Uma recta no espaço pode ser descrita das seguintes formas:

   Ø  Dando dois pontos da recta;

   Ø  Dando um ponto da  recta e dois vectores normais a essa recta, não colineares;

   Ø  Dando um ponto e um vector da recta.

Principais postulados

  Ø  Postulado da existência (PE): Numa recta, bem como fora dela, existem vários pontos.

  Ø  Postulado de determinação (PD): Dados dois pontos distintos do espaço, existe apenas uma recta que os contém.

  Ø  Postulado da inclusão (PI): Se uma recta tem dois ou mais de seus pontos num plano, ela está contida no plano.

Semi-recta

    Uma semi-recta: também denotada por  ou , é o conjunto dos pontos P da recta OA tais que O não está entre P e A.

     Exemplo: figura 2 pág.9.

     Ao fixar-se um ponto sobre uma recta, esse ponto a divide em duas partes iguais, transformando-a em duas semi-rectas de mesma origem e sentidos opostos.

Segmento de recta

     Um segmento de recta é o conjunto dos pontos da recta que ficam entre dois outros pontos. E m álgebra linear, se V for um espaço vectorial real, então o segmento de recta que liga o ponto (vector) A ao ponto B é o conjunto.

     As rectas também podem ser: paralelas, perpendiculares e concorrentes.

     Rectas paralelas: são rectas que estão no mesmo plano mas nunca se cruzam.

     Exemplo: figura 3, pág.9.

     Rectas perpendiculares: são aquelas que se cruzam e formam um ângulo recto, isto é, um ângulo de 90º.

     Exemplo: figura 4, pág.10.

     Rectas concorrentes ou Rectas oblíquas: são duas rectas contidas em um mesmo plano, que têm direcções diferentes (ou seja: não são paralelas) e que, portanto, têm um único ponto em comum.

     Exemplo: Figura 5, pág.10.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Anexos

Figura 1


Uma recta de declive a. Qualquer recta perpendicular tem declive -1/a.

 

Figura 2



Semi-recta

 

 

Figura 3


 

Então, duas rectas são paralelas quando mantêm sempre a mesma distância entre si. Assim duas rectas paralelas estão em um mesmo plano e não se interceptam.

 

No bloco rectangular representado abaixo, as rectas AB e HG são paralelas.

 

 


 

 

Uma recta é paralela a um plano quando ambos não se interceptam. Na figura, a recta AB é paralela ao plano da base EFGH.

 

 

Figura 4

 

 


 


Figura 5

 

 


 

      Nota: rectas perpendiculares também são consideradas rectas concorrentes, mas diferentes das oblíquas, isto por apresentarem sempre um ângulo recto já as oblíquas apresentam ângulos diferentes e nunca apresentam um ângulo recto.

 

Conclusão

 

 

      Concluindo e resumindo o ponto é a unidade de comunicação visual mais simples e irredutivelmente mínima, e que a junção de vários pontos resultam em linhas que podem ser: rectas ou curvas, chegou-se também a conclusão de que recta é o resultado da deslocação de um ponto segundo uma determinada lei e que ela pode ser: paralela ou coincidentes oblíquas e perpendiculares.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Bibliografia

 

 

A Necessidade da Arte, de Ernest Fisher. Tradução – Leandro Kondel. Ed. Guanabara. 9ª Edição. (1987).

 

 

 

 

 

 

 

 

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