Introdução
Sempre que projectamos, traçamos ou
esboçamos algo, o conteúdo visual desta comunicação é composta por uma série de
Elementos Visuais. Esses elementos constituem a substância básica daquilo que
vemos. São muitos os pontos de vista a partir dos quais podemos analisar
qualquer manifestação visual, mas um dos mais reveladores é decompô-la nos
elementos que a constituem de forma que melhor possamos compreender o todo.
A linguagem visual constitui a base da
criação do design. Há princípios, fundamentos ou conceitos, com relação à
organização visual, que podem resolver situações problemáticas na realização de
um projecto. O designer pode trabalhar sem esse conhecimento consciente, usando
seu gosto pessoal e sensibilidade estética que são muito importantes, porém,
uma compreensão dos fundamentos ampliará sua capacidade de organização,
facilitando enormemente seu processo de criação.
Se quiséssemos reflectir sobre o número
de vocábulos suficientes para se formar uma Linguagem Visual poderia ter como
resposta que os principais são basicamente: o ponto; a linha; o plano; a recta;
o volume e a cor. Com tão poucos elementos básicos, e que nem sempre se
apresentam em conjunto, forma-se toda a expressão visual na arte e no design na
sua mais imensa variedade de técnicas e estilos.
Com base nisso este trabalho foi feito com
o intuito de aprofundar mais o nosso conhecimento sobre: pontos, linhas e
rectas que são alguns dos elementos básicos para a formação de uma linguagem
visual.
O ponto
Para que possamos observar o simbolismo de
uma estrutura gráfica é necessário começar pelo elemento mais simples que
compõe a matéria, o PONTO.
O ponto é a unidade de comunicação visual
mais simples e irredutivelmente mínima. Quando fazemos uma marca, seja com
tinta, com uma substância rígida como um bastão, pensamos nesse elemento visual
como um ponto de referência ou um indicador de espaço.
Qualquer ponto possui um grande poder de atracção
visual sobre o olho, exista ele naturalmente ou tenha sido colocado pelo homem
em resposta a um objectivo qualquer.
Como
Elemento Conceitual, um ponto indica posição. Não tem comprimento nem largura.
Pode representar o início e o fim de uma
linha e está onde duas linhas se cruzam. Ele é um “ser vivo”. A unidade mínima
da presença. Estamos muito acostumados a usá-lo na escrita, como agora, mas ele
tem outras posições, além desta.
O ponto é a representação da partícula
geométrica mínima da matéria e do ponto de vista simbólico, é considerado como
elemento de origem. Como Elemento Visual, o ponto possui formato, cor, tamanho
e textura. Suas características principais são: Tamanho - devendo ser
comparativamente pequeno, e o Formato - devendo ser razoavelmente simples.
Sua aplicação em uma representação visual
pode também ser classificada em: adensamento (a concentração de pontos para
representar um determinado efeito) e Rarefacção (o espaçamento entre eles,
causando efeito contrário). Como Elemento relacional, a sua representação
enquanto Unidade de Forma constituirá uma Textura.
Quando um conjunto de pontos é organizado
de forma sequencial, esses pontos se ligam, sendo, portanto, capazes de dirigir
o olhar. Em grande número e justapostos, os pontos criam a ilusão de tom. A capacidade
única que uma série de pontos tem de conduzir o olhar é intensificada pela
maior proximidade dos pontos.
Um ponto pode ser posto para andar por
uma força, e aí teremos a LINHA RECTA. Ou se este mesmo ponto se movimenta por
duas forças teremos a LINHA CURVA.
A linha recta
Quando em uma sequência de pontos, eles
estão muito próximos entre si de maneira que se torna impossível identifica-los
como Unidade de Forma, isto é, individualmente, aumenta a sensação de direcção,
e a cadeia de pontos se transforma em outro elemento visual distintivo, a
linha.
Como elemento conceitual, poderíamos
definir a linha como um ponto em movimento, ou como a memória do deslocamento
de um ponto, isto é, sua trajectória. Como elemento visual, não só tem
comprimento como largura. Sua cor e textura são determinadas pelos elementos
que são utilizados para representá-la e pela maneira como é criada.
Por ser o desdobramento do elemento
original (ponto), e por isso um subproduto dele, a linha pode ser entendida
como elemento secundário da Linguagem Visual. Possui posição e direcção. É
limitada por pontos. Forma a borda de um plano.
Nas artes visuais, a linha tem, por sua
própria natureza, uma enorme energia. Nunca é estática. É o elemento visual
inquieto e inquiridor do esboço. Onde quer que seja utilizada, é o instrumento
fundamental da pré-visualização, o meio de apresentar, de forma palpável,
aquilo que ainda não existe, a não ser na imaginação. Dessa maneira contribui
enormemente para o processo visual.
Simbolicamente, “a linha recta está
próxima ao território do intelecto. Ela manifesta a vontade e a força de
configuração. A determinação e a ordem. Expressa o regular, o que a mente
apreende.
O mundo dos regulamentos, da disciplina,
das leis, da vontade e da razão. É por isso que no limite de sua utilização, a
linha recta manifesta a frieza de sentimento, a falta de fantasia e o
enrijecimento”.
As linhas rectas têm três movimentos
essenciais: HORIZONTAL, VERTICAL E DIAGONAL. Todas as outras são variações
deste movimento.
A manifestação mais simples, que menos
energia necessita para ocorrer é a LINHA HORIZONTAL. É nela que o homem relaxa,
descansa e morre.
Completamente oposta a essa linha, temos
A LINHA VERTICAL. O que era anteriormente plano, tornou-se altura. A energia
que vai da profundeza ao infinito, ou vice-versa.
A LINHA DIAGONAL é secundária em relação
à horizontal e à vertical, pois é a síntese e união das duas. Segundo
Kandinsky, “a linha diagonal é a forma mais concisa da infinidade de
possibilidades dos movimentos. Por isso tem uma tensão interior maior do que as
duas que lhe dão origem.”
Já no caso de Mondrian, ele refere-se aos
“aspectos trágicos horizontalmente, estendendo-se o horizontal como plenitude
até o infinito e o vertical como sendo o opressivo, o esmagador, e ele
definitivamente estava procurando estruturas transversais que libertariam as
pessoas dessas forças opressivas herdadas.”
A linha curva
Quando duas forças exercem pressão
simultânea sobre um ponto, sendo uma delas contínua e predominante, surge a
LINHA CURVA.
As linhas curvas dominam o território dos
sentimentos, da suavidade, da flexibilidade e do feminino.
Os redondos, os curvilíneos, os
ondulantes, encontram-se em oposição ao carácter racionalizante da linha recta
e angulosa, que focaliza a vontade e o controle. Quanto maior é essa pressão
lateral e contínua exercida sobre a linha, esta se desvia cada vez mais até
fechar-se em si mesma, formando um círculo.
Essa pressão lateral contínua faz com que
ela não quebre, se transformando em ARCO.
Não há ângulo, surgindo assim, uma forma
suave e madura, que possui em si uma auto consciência por voltar para si mesma.
Para a linha recta, impulsiva, não há começo nem fim, é um caminho eterno, em
uma única direcção e sem retorno. Para a linha curva, flexível, há a
possibilidade de encontrar-se com o seu começo, gerando um círculo, que é a
representação do todo.
Recta
Em matemática, uma recta:
é um objecto geométrico infinito a uma dimensão. Pode ser
definida de várias formas equivalentes.
Em Geometria Descritiva uma recta é o resultado da deslocação de um ponto
segundo uma determinada lei.
Uma curiosidade é que, no texto original de
Os Elementos, de Euclides, fala-se de
segmentos de recta e não de rectas.
Rectas no plano
Ø Dando um
ponto da recta e o seu declive;
Exemplo: figura1, pág.9.
Rectas no espaço
Ø Dando dois
pontos da recta;
Ø Dando um
ponto da recta e dois vectores normais a
essa recta, não colineares;
Ø Dando um
ponto e um vector da recta.
Principais
postulados
Ø Postulado da
existência (PE): Numa recta, bem como fora dela, existem vários pontos.
Ø Postulado de
determinação (PD): Dados dois pontos distintos do espaço, existe apenas uma recta
que os contém.
Ø Postulado da
inclusão (PI): Se uma recta tem dois ou mais de seus pontos num plano, ela está
contida no plano.
Semi-recta
Uma semi-recta: também denotada por
ou
, é o conjunto dos pontos P da recta OA tais que
O não está entre P e A.
Exemplo: figura 2 pág.9.
Ao fixar-se um ponto sobre uma recta, esse
ponto a divide em duas partes iguais, transformando-a em duas semi-rectas de
mesma origem e sentidos opostos.
Segmento de recta
Um segmento de recta é o conjunto dos
pontos da recta que ficam entre dois outros pontos. E m álgebra linear, se V
for um espaço vectorial real, então o segmento de recta que liga o ponto (vector)
A ao ponto B é o conjunto.
As rectas também podem ser: paralelas,
perpendiculares e concorrentes.
Rectas paralelas: são rectas que estão no
mesmo plano mas nunca se cruzam.
Exemplo: figura 3, pág.9.
Rectas perpendiculares: são aquelas que se
cruzam e formam um ângulo recto, isto é, um ângulo de 90º.
Exemplo: figura 4, pág.10.
Rectas
concorrentes ou Rectas oblíquas:
são duas rectas
contidas em um mesmo plano, que têm direcções
diferentes (ou seja: não são paralelas)
e que, portanto, têm um único ponto em comum.
Exemplo: Figura 5, pág.10.
Anexos
Figura 1
Figura
2
Semi-recta
Figura
3
Então,
duas rectas são paralelas quando mantêm sempre a mesma distância entre si.
Assim duas rectas paralelas estão em um mesmo plano e não se interceptam.
No bloco rectangular representado
abaixo, as rectas AB e HG são paralelas.
Uma recta é paralela a um plano
quando ambos não se interceptam. Na figura, a recta AB é paralela ao plano da
base EFGH.
Figura 4
Figura 5
Nota:
rectas perpendiculares também são consideradas rectas concorrentes, mas
diferentes das oblíquas, isto por apresentarem sempre um ângulo recto já as
oblíquas apresentam ângulos diferentes e nunca apresentam um ângulo recto.
Conclusão
Concluindo e resumindo
o ponto
é a unidade de comunicação visual mais simples e irredutivelmente mínima, e que
a junção de vários pontos resultam em linhas que podem ser: rectas ou curvas,
chegou-se também a conclusão de que recta é o resultado da deslocação de um
ponto segundo uma determinada lei e que ela pode ser: paralela ou coincidentes
oblíquas e perpendiculares.
Bibliografia
A
Necessidade da Arte, de Ernest Fisher. Tradução – Leandro Kondel. Ed.
Guanabara. 9ª Edição. (1987).
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